Mecânico de avião é técnico mais bem pago
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NATUZA NERY
DE BRASÍLIA
DE BRASÍLIA
Levantamento feito pela CNI (Confederação Nacional
da Indústria) mostra que, em diversos Estados brasileiros, um diploma de ensino
técnico já vale mais do que um certificado de conclusão de curso universitário.
O levantamento, ao qual a Folha teve acesso
com exclusividade, identificou as 21 profissões técnicas mais valorizadas do
Brasil, resultado da demanda da indústria por mão de obra especializada.
Lideram a lista manutenção em aeronaves, mineração, mecatrônica, construção
civil e petróleo e gás.
SALÁRIOS DE ATÉ R$ 7.000
Os salários médios de admissão variam de R$ 1.500 a
R$ 2.500. Após dez anos de experiência, oscilam entre R$ 3.600 e R$ 7.000.
A experiência do baiano Roman Pinto, 35, sintetiza
a valorização dos técnicos. "Sou graduado em história, mas precisava me
inserir logo no mercado. Em 2010, formei-me como técnico em edificações e agora
ganho mais e trabalho menos", disse à Folha, ao revelar seu salário
atual: R$ 3.400.
Em São Paulo, um trabalhador com a mesma formação
de Roman Pinto, só que com dez anos de experiência, tem salário médio superior
ao de um engenheiro ou um farmacêutico com mesmo tempo de atuação na área.
No Estado, a procura maior da indústria é por
projetistas e técnicos em manutenção, com remunerações iniciais em torno de R$
4.100 e R$ 3.500, respectivamente. Os números da CNI trazem os 18 Estados onde
o trabalhador técnico está em alta. O levantamento foi feito nas unidades do
Senai e com base em dados oficiais do Ministério do Trabalho.
Em Pernambuco, um soldador recém-formado pode
ganhar mais do que um médico que acabou de desembarcar na profissão. Em Minas,
um técnico das especialidades mais valorizadas exibe um contracheque mais gordo
que um advogado ou veterinário iniciante.
FORMAÇÃO
Além dos salários competitivos, conta a favor da
formação técnica a possibilidade de entrar mais cedo no mercado de trabalho.
Nas contas da confederação, um aluno faz um curso técnico em 18 a 24 meses. Já
na faculdade, o prazo, em geral, é de quatro anos.
"Há dois prédios, um do curso técnico e outro
do universitário. No primeiro, você não precisa chegar ao último andar para
começar a trabalhar. No segundo, você só entra no mercado quando atingir o
topo", comparou Rafael Lucchesi, diretor da CNI.
"Não estou pregando contra a educação formal,
só que o ensino técnico foca na construção de projetos pessoais e na rápida
integração do aluno no mercado de trabalho." Em 2011, o governo federal
lançou o programa Pronatec justamente para capacitar, com bolsas de estudo,
jovens do ensino médio a atender às demandas da economia.
Hoje, há 882 mil trabalhadores com diploma técnico
no país. O setor criou 36 mil postos de trabalho de abril de 2011 a março deste
ano. O resultado só não foi melhor porque a indústria tem sofrido com o câmbio
valorizado e com a desaceleração da economia doméstica.
Em países desenvolvidos, os cursos técnicos de
nível médio são escolhidos por cerca de 50% dos estudantes, segundo dados da
OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) fornecidos
pela CNI.
"Os europeus têm uma forte puxada para o
ensino técnico, e boa parte da transformação econômica da Coreia do Sul também
vem daí", argumenta Lucchesi.
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