Flor de Liz
Hoje, pela primeira vez, assisti algumas reportagens sobre a calamidade ocorrida em Santa Maria / Rio Grande do Sul. Emocionei-me ao ver tantas famílias sofrendo. Vi um pai que perdeu suas duas filhas no episódio; um esposo que perdeu sua mulher, ficando apenas com seu filho de quatro anos de idade. Vi a namorada que se salvou do fogo, contudo, perdeu lamentavelmente seu namorado.
Enfim, a população brasileira e, inclusive, pessoas de todo o mundo, estão comovidas com a situação. A dor se estendeu até mesmo aos estrangeiros que têm acompanhado as notícias conosco, e, através das suas orações têm ajudado no fortalecimento destes familiares que ficaram para enterrar os corpos tragados pelo fogo.
É inadimissível em pleno século XXI ocorrer algo similar, pois como podemos afirmar que o homem conquistou tantos avanços (na ciência, na área tecnológica, na política, na educação, dentre outras) se "permitiu" que mais de duzentos rapazes e moças deixassem seus planos e sonhos...?
Mesmo sem o conhecimento necessário, qualquer leigo pode perceber na planta da Boate Kiss que não havia possibilidade de sobrevivência para todos os ocupantes do local, por conta de existir apenas um portão de entrada que também servia para a saída de pessoas.
No momento de uma tragédia como essa, em que dentro de poucos segundos você se imagina queimando (o que implica dizer que seus sonhos serão carbonizados, seus amigos e sua família permanecerá na jornada e só você partirá), então, o desespero deve ser na maior dimensão possível.
Eu não queria estar lá, a não ser para salvar aquelas vidas que se foram... Se é que eu teria estrutura para ajudá-los, embora que, pelas cenas que assisti, pude sentir o amor de alguns companheiros que lá estavam: simplesmente tiraram suas camisas (para evitar serem queimados), e, no local permaneceram tentando ajudar a cavar buracos nas paredes para livrar a fumaça dos pulmões dos jovens e das jovens. Mesmo arriscando sua própria vida e seu fôlego, lá perduraram por horas a serviço do próximo.
Ainda presenciei a reportagem na qual a Presidenta Dilma (para quem "tiro meu chapéu", como diria Raul Gil) encantadoramente comoveu o povo do País e do Exterior com suas palavras dóceis, de devoção e amor ao povo, bem como de patriotismo. Aí me emocionei de novo. Ter uma mulher no poder significa que as mulheres conquistaram um espaço, que por muito tempo não lhes foi permitido, por conta de homens que levavam consigo o preconceito.
Bem, agora o que nos reserva? Orar, orar e orar... Que o Pai Celestial continue propiciando os instrumentos necessários para confortar as famílias que tanto sofrem e àqueles que estão na causa...
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